Origem da minha paixão pelo cavalo

Texto por: Marcelo Souto Nacif – Titular do criatório Campolina do Canto Verde

Desde muito criança na época das férias o meu destino era Santo Antônio de Pádua (RJ). O caminho sempre foi longo com aproximadamente 500 Km da minha cidade natal, São José dos Campos (SP). Este percurso é de aproximadamente 7 horas de estrada dependendo, claro, do trânsito e do número de paradas.

Meu avô, Laércio Lima Souto e minha avó, Maria da Penha Damian Souto, eram meus grandes anfitriões e me davam a liberdade que qualquer menino gostaria de ter em sua infância. Tive a maior sorte do mundo de viver isso. A fazenda dos sonhos, da minha infância, ficava muito próximo a Campelo, distrito de Santo Antônio de Pádua e possuía o nome de Fazenda Santa Margarida. Foi lá que a paixão pelo cavalo começou e meu avô foi o grande responsável por tudo.

A Fazenda Santa Margarida

Meu avô começou sua criação de cavalos Campolina registrados em 1973  quando comprou 1 garanhão, Leviano de São Pedro, e três éguas sendo uma a Mimosa de São Pedro. Achei estes dados em um levantamento na ABCCCampolina. Os primeiros animais com o sufixo Santa Margarida foram a Paloma de Santa Margarida nascida em 16/12/1973 e o Apolo de Santa Margarida que foi o primeiro potro nascido na fazenda, filho da Mimosa de São Pedro.

O grande reprodutor da fazenda foi o Átila de São Pedro que ficou com meu avô desde o nascimento até o ano de 1988.

Já de minha memória, recordo bem dos animais Mangolinos, estes eram os cavalos para uso no dia-a-dia e para passeios. O cavalo que aprendi a montar tinha o nome de Biscoito, e acredito que não só eu mas meus irmãos e primos também aprenderam com ele.

Foi na fazenda que aproveitei os animais, fiz boas amizades e convivi com pessoas que construíram minha personalidade. Também foi lá que quebrei o braço duas vezes caindo do cavalo, por erro meu mesmo.

O afastamento

O tempo das férias em Pádua cessou quando na adolescência outros interesses começaram ficar mais importantes do que ir para Fazenda, e com isto o cavalo também foi ficando de lado.

A reaproximação com o cavalo

O destino me colocou ao lado de uma mulher guerreira, batalhadora e porque não também sonhadora. Após um bom tempo de namoro e noivado, 9 anos, casamos em outubro de 2012 no Rancho Canto Verde em Caçapava-SP. Todos os dias batalhamos muito pela estabilidade de emprego e pela busca constante por fazermos com amor aquilo que escolhemos. Também vieram nossos três filhos, Miguel, Gabriel e Rafaela que só iluminam nossas vidas e nos ensinam a cada segundo como o amor é infinito.

Em junho de 2018, aconteceu a ExpoJacarei do Campolina Marchador e meu Tio João Tadeu Damian Souto, irmão da minha mãe, que atualmente dá continuidade ao sufixo da Santa Margarida me liga e me convida para acompanhá-lo na exposição.

  Meu tio veio de Pádua e no dia da exposição eu não consegui estar presente. A frustração foi grande e tal fato me incomodou.

No dia 15 de dezembro de 2018 teve um leilão no hotel Portobello em Mangaratiba e meu tio novamente me chamou para acompanhá-lo. Fiz questão de envolver meus sogros, pais, esposa, filhos e nos arrumamos para ir até o leilão e também para passarmos um final de semana em família. Neste leilão me reconectei com a raça Campolina e tive a oportunidade de montar na Quimoleka de São Judas e na Thandera de São Judas.

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Os caminhos para iniciar um sonho

Foram alguns meses até a virada do ano e o início do novo ano hípico, com início das exposições e leilões. Conversei com minha esposa e chegamos a conclusão que estava na hora de darmos para nossos filhos a oportunidade de vivenciar a relação com a criação de cavalos e claro, de me conectar novamente com uma paixão de infância. Desta forma, tivemos uma boa conversa com meus sogros para podermos utilizar as baias, piquetes e estrutura do Rancho Canto Verde.

Também fomos a Santo Antônio de Pádua (RJ) para mostrar ao meu sogro de onde vinha esta relação com o Campolina. Nesta viagem nós tivemos a oportunidade de conhecer o Rancho Rocha Negra, em Cantagalo (RJ), de propriedade do também médico Demétrio Rocha e o Haras Hibipeba em Valão do Barro (RJ), de propriedade de Norival Siqueira. Em pouco tempo tive a noção de estar no meio da tradição da raça Campolina.

Em nosso retorno para São José dos Campos (SP) fiz uma ligação intermediada por Olavo Maia (Dinho) para Josué Rodrigues do haras Atibainha em Atibaia (SP) para irmos conhecer um pouco mais sobre esta incrível raça e sua história.

De lá para cá foram inúmeras visitas a diversos haras e em diversos estados como Minas Gerais, Bahia, Rio de Janeiro e São Paulo.

Início do Campolina Canto Verde

Em 14 de janeiro de 2019 após envio da minha proposta de admissão na Associação Brasileira de Criadores de Cavalo Campolina foi protocolado o cadastro do meu número de associado com a preposição/sufixo “do Canto Verde”.

O criatório em família

Na propriedade da família de minha esposa estamos buscando um ambiente de harmonia e alegria para que todos irmãos, filhos e netos se sintam felizes com a presença de um animal dócil, marchador, funcional, bonito e geneticamente melhorado.

Meu objetivo

Unir a família, agregar amigos e comemorar a vida.

Que o cavalo ensine e transmita as mesmas energias que tive na infância para meus filhos em suas memórias ao longo da vida. Miguel, Gabriel e Rafaela aproveitem.

Para minha esposa, sei que isso será muito gostoso para nós, sempre juntos. Te amo.